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Cidade da Música da Bahia é finalista do prêmio internacional Music Cities Awards

Publicado: 4 de agosto de 2023-11:19

A Cidade da Música da Bahia, equipamento cultural administrado pela Prefeitura de Salvador, é finalista do prêmio internacional Music Cities Awards, na categoria Melhor Iniciativa de Turismo Musical. A competição global reconhece as aplicações mais destacadas da música para desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural em lugares de todo o mundo. O evento de premiação para os vencedores será entre 18 e 20 de outubro, em Huntsville, nos Estados Unidos.

Além de Salvador, com a Cidade da Música, também concorrem como finalistas da categoria o Festival Pirineos Sur by Sonde 3 Producciones, na Espanha, e Beyond Bourke Street: Melbourne Buskers in the Digital World by StreetMusicMap, na Austrália.

A candidatura de Salvador se desenvolveu através da inscrição feita pelo Escritório de Cooperação Internacional, vinculado ao Gabinete da Vice-Prefeita, em diálogo com a Coordenadoria de Economia da Cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), com o objetivo de incentivar a diplomacia do som e mobilizar vários entes sociais para temas como Turismo, educação, saúde e bem-estar, sustentabilidade e inovação digital, além da cultura.

Segundo a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, o equipamento Cidade da Música é símbolo da criatividade e da história do povo soteropolitano. “Gera empregos para jovens, promove o acesso à cultura e ainda conta com um estúdio profissional gratuito para quem não tem condições de gravar. Essa indicação ao prêmio é o reconhecimento do nosso compromisso em promover a música como uma força para o nosso desenvolvimento social e econômico”, disse.

“Fico muito feliz com essa oportunidade de competir globalmente e fazer nossa cidade ser ainda mais conhecida pelo mundo. Além disso, gostaria de convidar o nosso cidadão, principalmente aquele que ainda não conhece esse equipamento, que venha conhecer a Cidade da Música da Bahia, pois ela é de todos nós”, completou Ana Paula Matos.

Para a diretora de Cultura da Secult, Maylla Pita, a música é propulsora de desenvolvimento econômico, gera oportunidades de negócios e projeta grandes talentos de Salvador para o mundo. “Salvador hoje detém o título de ‘Cidade da Música’, devidamente registrada, catalogada e difundida através deste equipamento, nos orgulha e demarca a força da música na nossa identidade. Através da música contamos nossas histórias, localizamos nossa relação com a ancestralidade africana, cantamos personagens e lugares que fazem deste destino um lugar único”, declarou.

Interatividade – O equipamento tem sido referência no âmbito de pesquisas e preservação do patrimônio imaterial, que é a música. São mais de 700 horas de conteúdo disponível que resumem as manifestações musicais em Salvador, desde o seu surgimento. A responsabilidade do acervo e do design do local estão sob as curadorias do antropólogo Antônio Risério e do arquiteto e artista Gringo Cardia.

Os visitantes podem acessar totens, TVs, com telas dispostas ao longo dos espaços, com conteúdo que pode ser acessado através do QR Code escaneado pelo celular da pessoa, o que permite controlar o que é visto, como um controle remoto, que funciona durante toda a visita.

A Cidade da Música da Bahia funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com entrada permitida até as 17h. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia). Residentes de Salvador que apresentarem comprovante pagam meia entrada todos os dias. Alimentos e bebidas são proibidos durante a permanência no local. O site oficial é o https://cidadedamusicadabahia.com.br/.

Foto: Betto Jr. / Secom PMS

Do batuque ao rap/trap, Cidade da Música permite passeio pelos ritmos produzidos na Bahia

Publicado: 27 de julho de 2023-12:00

No berço do Comércio, em frente ao Elevador Lacerda e ao Mercado Modelo, encontra-se o famoso casarão de azulejos azuis, a Cidade da Música da Bahia. O museu, inaugurado em 2021, tem a ideia de apresentar a história da música baiana, da cultura soteropolitana e, consequentemente, do Brasil como um todo. Além da proposta base, o local vem se destacando por seus workshops diários de percussão e por ser espaço de interesse entre os rappers, que podem participar de batalhas de rimas em um espaço dedicado ao hip-hop.

O mês de julho tem sido um período de grande pico, já que é a época das férias em outras partes do país, e a capital baiana recebe muitos turistas. Segundo o supervisor do equipamento cultural, Gean Carlo, tem havido um aumento considerável de público e a expectativa é que atinjam números muito acima da média diária normal. Os meses de janeiro e dezembro, no verão, também representam meses de grande fluxo.

O gestor conta que, em uma das quartas-feiras deste mês de julho, a casa chegou a receber 612 visitantes – aumento que se dá principalmente durante as férias dos estados do Sul e Sudeste, quando há um maior interesse em conhecer o acervo musical. “Normalmente, durante a semana, temos uma média de 250 a 300 visitantes por dia. Grande parte dessas visitas são de grupos escolares, que atendemos durante os turnos da manhã e da tarde. Às quartas-feiras, a visitação é maior devido à gratuidade. Nesse dia, a média é de 400 a 600 visitantes, excluindo o período de junho a julho. A estimativa para esse mês é que atinjamos de 1 mil a 1,2 mil visitantes em um dia, impulsionados por esse fator”, confirma.

Patrimônio – Gerido pela Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), o equipamento tem sido referência no âmbito de pesquisas e preservação do patrimônio imaterial, que é a música. São mais de 700 horas de conteúdo disponível que resumem as manifestações musicais em Salvador, desde o seu surgimento. A responsabilidade do acervo e do design do local estão sob as curadorias do antropólogo Antônio Risério e do arquiteto e artista Gringo Cardia, dupla que também atuou em outro equipamento municipal, a Casa do Carnaval da Bahia, na Praça da Sé.

Os visitantes podem acessar totens, TVs e grandes telas dispostas ao longo dos espaços, cujo conteúdo é acessado através do QR Code escaneado pelo celular da pessoa, o que permite controlar o que é visto, como um controle remoto, que funciona durante toda a visita. “Ao entrar na casa, eles se sentem envolvidos nesse universo musical. Não é como assistir a um documentário, é como estar dentro dele. Para lidar com a quantidade considerável de conteúdo, desenvolvemos um aplicativo. Através do nosso site, é possível escolher o bairro de maior interesse, explorar as narrativas e acessar as cabines através dos números exibidos em cada tela. Isso oferece mais autonomia a quem está visitando”, esclarece Carlo.

“Por ser um patrimônio imaterial, 90% do nosso acervo é digital. Temos dois polos físicos, os instrumentos confeccionados por Luizinho do Jejê, que compõem nosso estúdio de percussão, utilizados em nossas apresentações diárias, e os livros, encontrados na sala de leitura do térreo”, pontua Carlo.

Dessa forma, o museu se torna atrativo tanto para turistas, quanto para locais. Os que vêm de fora podem conhecer mais sobre a cultura, história e a música baiana, e os que são de Salvador, se aprofundam no cotidiano e nos bairros da cidade e vivem uma imersão diferente, já que enxergam o próprio dia a dia nas exposições.

“Eu achei uma experiência única. É um instrumento de grande integração cultural, traz para a gente uma vivência de Salvador que normalmente não temos. Nós costumamos conviver com as experiências dos bairros, sem entender os significados, a história e isto aqui é uma ferramenta de integração, de consciência, um espaço que você não vê com essa magnitude em nenhum lugar do Brasil”, declara Alexandre Souza, soteropolitano em visita ao museu.

Andares Temáticos: Uma Viagem pela Música e Arte

O local conta com três andares temáticos e acervo totalmente digitalizado, além de salas especiais interativas, como a do karaokê, o estúdio de percussão e a sala do rap/trap. Já no térreo, é possível encontrar um café, biblioteca e a recepção. São mais de 30 mediadores trabalhando na casa que auxiliam as visitas, assistem as pessoas e promovem atividades lúdicas.

No primeiro andar da casa, é possível encontrar um panorama geral, na exposição “A Cidade de Salvador e Sua Música”. São 44 bairros, cujas respectivas histórias são contadas ao longo de cabines espalhadas, cada uma narrando um pequeno bloco, por meio de depoimentos de envolvidos. Também há um mapa interativo que pode ser acessado e três grandes telas de projeção, emulando a experiência de uma pequena sala de cinema.

Uma das abordagens mostram, por exemplo, como Carlinhos Brown e a transformação da música alçaram o Candeal a uma potência musical. Dessa forma, o visitante entende o motivo da denominação de Salvador como Cidade da Música, título concedido pela Unesco em 2016. Isso não se restringe apenas aos bairros mais conhecidos, pois aqueles que moram em locais mais específicos e menos conhecidos podem encontrar seu cotidiano representado e entender a contribuição local para a cultura.

“Oferecemos vídeos mais curtos sobre tópicos específicos dentro de cada região, além de uma sala de projeção, um cinema que exibe um local de cada vez de forma mais aprofundada, com vídeos de 30 a 40 minutos. Assim, os visitantes têm uma experiência imersiva para entender a essência de cada um. Dessa forma, percebem que cada lugar é como uma cidade inteira. Nosso objetivo é conectar a história da música, dos artistas e sua importância, além de estabelecer conexões com a nova geração. Isso é importante não apenas para os visitantes regulares, mas também para as escolas que trazem seus alunos, proporcionando-lhes a oportunidade de conhecer as raízes da música brasileira, que estão na música baiana”, pontua Francisco Gonçalves, mediador e percussionista da casa.

No segundo andar são abordadas as artes plásticas, movimentos artísticos e artistas, ampliando a noção de música para todo o estado. O visitante descobre, por exemplo, como a música se manifesta em Santo Amaro, onde surgiram grandes ícones como Maria Bethânia, entre outros.

É nele que está a exposição “História da Música na Bahia”. O tema do local é voltado ao movimento Tropicália, com a decoração que conta com ilustrações gigantes, tiradas de fragmentos das pinturas do pintor baiano e modernista Genaro de Carvalho (1926 – 1971). Aqui, estão nove cabines de vídeos e três salas especiais. É sintetizado um panorama sobre os artistas, gêneros e movimentos da história musical baiana, da Tropicália ao rap/trap, que inclusive conta com uma sala própria dedicada a esse gênero mais moderno.

Nesse andar, ocorrem projetos voltados ao mundo do hip-hop, abertos ao público-alvo que desejar prestigiar, bem como aos visitantes que estiverem passando. “Nós tentamos alinhar o que o andar traz para nós, que são os artistas de gêneros e movimentos da história musical baiana ao rap/trap. Temos três formatos lá, o de batalhas, onde os MCs disputam versos para ver quem se sai melhor; o de interação direta, onde pedimos palavras ao visitante e construímos um freestyle; e o formato livre, que é a construção de freestyle apenas para demonstração”, afirma Ogum, mediador e rapper da casa.

No mesmo local, está sendo dedicada uma homenagem ao músico de Santo Amaro, Assis Valente (1911 – 1958), aproveitando também temáticas de datas importantes para criar um trabalho lúdico em cima disso. “Estamos usando o formato drill, mais focado nas composições dele. O museu proporciona muito isso. Por exemplo, aproveitamos a temática do 2 de Julho e do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ para construirmos um movimento claro com a visibilidade do mundo do rap, apresentando esse gênero periférico que representa as favelas”, completa.

Já no terceiro andar, é onde estão as atividades mais interativas do museu, onde os visitantes podem experimentar a vivência musical. Ali, é possível encontrar as salas de karaokê, onde qualquer um pode entrar na cabine para cantar uma música de sucesso do carnaval baiano, que é gravada e disponibilizada para os visitantes. Também estão as cabines de mixagem, onde podem trabalhar na mixagem de sua música, além do estúdio de percussão, onde ficam os instrumentos da casa e ocorrem as oficinas diárias – momento em que os visitantes podem conferir como um profissional da música pode atuar em diferentes áreas, como percussão, mixagem, produção de estúdio, rap/trap e até mesmo karaokê.

Para o mediador sênior da casa, Vitor Portela, o objetivo é fazer com que o visitante compreenda a importância teórica por trás da construção dos diversos ritmos bastante conhecidos durante o carnaval baiano e que hoje compõem a música brasileira. “Essa base é o fundamento de toda a música que escutamos atualmente no Brasil, independentemente do gênero. Dentro do estúdio, começamos apresentando um pouco da parte teórica e, em seguida, mostramos os instrumentos que representam a percussão da Bahia. Dessa forma, proporcionamos aos visitantes a oportunidade real de participar desse espetáculo. Aqui eles não apenas assistem, mas também tocam instrumentos e compreendem como se comportar como percussionistas e músicos. Essa interação é muito enriquecedora, e eles saem daqui com o entendimento da importância da percussão baiana”, esclarece.

Os mediadores percussionistas da casa comandam os workshops abertos ao público, que ocorrem de hora em hora, todos os dias. A atividade é lúdica e conta com a participação direta do público presente, permitindo que toquem um pouco e sintam brevemente como é ser um músico. “Nós trabalhamos nossas habilidades com o que entendemos sobre um instrumento que produz som, algo que não tínhamos acesso com tanta facilidade. O instrutor mostrou como é fácil para quem quiser começar, pegar qualquer instrumento e transformá-lo em som. Muito bom”, diz Francisca Souza, residente de Salvador.

Funcionamento – A Cidade da Música da Bahia funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com entrada permitida até as 17h. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia). Residentes de Salvador que apresentarem comprovante pagam meia entrada todos os dias. Alimentos e bebidas são proibidos durante a permanência no local. O site oficial é o https://cidadedamusicadabahia.com.br/.

Fotos: Betto Jr. e Bruno Concha/Secom PMS
Texto: Ascom/Secult PMS

Tesouros do Porto da Barra: fortes reverenciam artistas amigos e apaixonados pela Bahia

Publicado: 27 de julho de 2023-11:27

Nos fortes do Porto da Barra, residem trabalhos, memórias e histórias de dois artistas que não nasceram na Bahia, mas que a adotaram de coração. No Forte São Diogo, encontramos o Espaço Carybé de Artes, dedicado a Hecctor Julio Páride Bernabó (Carybé), um argentino com alma soteropolitana e que deixou uma marca significativa na história das artes plásticas brasileiras. No Forte Santa Maria, vemos o Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana, em homenagem ao francês Pierre Edouard Leopold Verger, que também se apaixonou por Salvador e se tornou um dos fotógrafos mais importantes do nosso país. Dada a proximidade artística e pessoal entre eles, é justo que os espaços dados aos seus trabalhos sejam vizinhos.  

Abertos desde 2016, o Espaços Carybé e o Pierre Verger são geridos pela Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). A supervisora dos equipamentos culturais, Simone Lopes, ressalta que tem sido realizado um trabalho de dinamização desses locais, buscando revitalizá-los como parte de uma ação renovadora para a cidade.  

“Os espaços culturais possuem agendamentos e realizam atividades temáticas pontuais, especialmente relacionadas a datas comemorativas. Os espaços da Prefeitura têm se empenhado em promover mensalmente essas dinamizações para que a sociedade perceba que esses locais podem ser ocupados e apreciados de diversas formas, não apenas por meio de visitações, mas também em outros encontros que abordam assuntos específicos”, completa.  

Mergulho nos traços de Carybé – Carybé nasceu em 1911, em Lánus, distrito fronteiriço com Buenos Aires, na Argentina. Ele foi jornalista por formação, pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, entalhador e muralista por paixão. Filho de pai cigano, tinha seis meses quando sua família se mudou para a Itália, onde ficou até os seus nove anos. Em 1920, passou a morar em Bonsucesso, bairro na zona norte do Rio de Janeiro. Quando completou 19 anos, voltou para a Argentina.   

O artista aprendeu a desenhar em casa, vendo os irmãos mais velhos Arnaldo e Roberto, que eram pintores. Começou a carreira como cartunista, mas resolveu migrar para as tintas e pincéis. Em 1936, fez sua primeira exposição. Em 1938, veio à Bahia a trabalho, quando se apaixonou à primeira vista por Salvador, pela cidade e pelos costumes locais. Em 1950, voltou para morar.   

“A obra dele muda a partir disso, para retratar nossa cultura. Ele pintou as festas de largos, no Rio Vermelho, no Bonfim, pintou o dia a dia dos terreiros. O grande diferencial do Carybé foi retratar a beleza daquilo que nós nem percebemos mais no nosso cotidiano”, pontua Jessica Freitas, mediadora e historiadora do Espaço Carybé de Artes.  

Em uma entrevista à crítica de artes, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte e da Associação Internacional de Críticos de Arte, Matilde Matos, respondendo o porquê escolheu a Bahia como morada e como retrato de suas obras, Carybé diz: “Porque gostei. Procurei pra burro na América do Sul (o México eu ainda não conhecia) e encontrei o Peru e a Bolívia, que como aqui, são lugares de caldeamento, mas todos dois são muito fechados, muito sérios. A Bahia é alegre e por isso a escolhi”, expressou o pintor.  

Já em 1957, se naturalizou brasileiro. Teve grande participação no cenário de renovação de artes plásticas na Bahia, ao lado de Mario Cravo Júnior (1923-2018); Genaro de Carvalho (1926-1971); e Jenner Augusto (1924-2003). Em 1981, publicou o livro Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, pela Editora Raízes. Também chegou a ilustrar livros do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014); Jorge Amado (1912-2001) e Pierre Verger (1902-1996), entre outros. O artista faleceu em 1997, em Salvador.  

“Carybé foi um artista muito inspirador, não só por ter tido muita vontade de falar sobre o cotidiano das pessoas, mas pensar também no quanto elas podiam se ver na obra dele. Particularmente, gosto muito dessas temáticas relacionadas ao cotidiano e questões de identidade que são muito caras. Para além disso, ele inspirou muita gente a tentar, se dobrar, com sua multiplicidade de técnicas, já que em nenhum momento fez algo engessado. Ele é importante em diversos aspectos da nossa cultura, da nossa religiosidade, fez as pessoas buscarem os Orixás, os detalhes. São fragmentos importantes, principalmente, para o povo de santo, que consegue captar essas nuances”, pontua Tamiles Doralício, artista e mediadora de artes do Espaço.  

No local, é possível encontrar esse panorama da sua biografia, dos seus trabalhos, com mais de 500 obras digitalizadas do autor, através de uma experiência lúdica, onde os visitantes podem ter acesso a diversas pinturas, murais e materiais do artista, além de permitir momentos interativos em que você pode ser um personagem 3D do Carybé e até sentir que está pintando um quadro original do mesmo.  

“É bem interativo. A gente viu informações sobre biografia, produção intelectual e artística do Carybé. É a primeira vez que estou vindo e fiquei bem impressionado com a interação e o nível de organização aqui do espaço”, expressa Lucas Rodrigues, turista vindo de Teresina, Piauí.  

O local é composto por uma exposição totalmente virtual, onde é possível observar projeções das pinturas nas paredes, totens digitais com acesso ao acervo do autor, com informações biográficas da vida dele, é possível ver a réplica da mesa de pintura em que o mesmo trabalhava, painéis interativos, além de contar com duas mediadoras que fazem um tour guiado pela vida e obra do artista, como mostrado acima.  

“A gente faz uma proposta de mediação, apresentando primeiro o que é o espaço de exposição digital, que difere da mediação de conteúdo físico. Primeiramente, é importante sinalizar e orientar o visitante de que se trata de um tour diferenciado, um momento de experimentar um museu digital. Vou mostrar o que temos em nosso acervo, que só está disponível devido à facilidade da digitalização. Por exemplo, os trabalhos de caderno do Carybé e as obras que ele não chegou a finalizar. Dessa forma, vou construindo com eles a noção de quem foi e o que temos do acervo dele aqui”, esclarece Jessica Freitas.  

As imagens e influências de Verger – Verger aprendeu a fotografar com Pierre Boucher (1908-2000), em 1932, quando adquire sua primeira Rolleiflex. Desde então, colaborou com diversos jornais e revistas americanas, latinas e europeias, como Paris-Soir, em 1934; Daily Mirror, de 1935 a 1936; Life, em 1937; Match, em 1938; Argentina Libre e Mundo Argentino, em 1941 e 1942; e O Cruzeiro, de 1945 até fins dos anos de 1950.  

Em 1946, chega em Salvador para ficar. A partir desse momento, se encanta pela história, local e começa a se dedicar a registros e pesquisas das religiões de matrizes africanas e a cultura afro-brasileira. Suas fotografias se baseiam no cotidiano do povo baiano, do dia a dia dos terreiros e dos trabalhadores, pescadores e tantos outros. Se tornou um especialista na questão da diáspora africana e da religião iorubá, tendo publicado livros e diversas fotografias voltadas à temática. Em viagens de estudo sobre o assunto a Benim, na África ocidental, torna-se um iniciado no culto de divinação, com o insigne título de Fatumbi (renascido na graça de Ifá).  

Em 1966, ele concluiu seus estudos de doutorado na Sorbonne (Paris, França), com uma tese que abordava o tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia nos séculos XVII ao XIX. Em 1974, ele ingressou como professor na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e desempenhou um papel fundamental na criação do Museu Afro-Brasileiro, que foi inaugurado em 1982, em Salvador. Desde 1989, a Fundação Pierre Verger tem a responsabilidade de preservar seus 62 mil negativos fotográficos, sua extensa biblioteca e seu arquivo pessoal, além de difundir seu valioso legado nas áreas de antropologia e fotografia.  

“O trabalho de Verger tem uma contribuição significativa para a compreensão da cultura material do povo negro. Suas fotografias desempenham um papel fundamental nesse contexto, especialmente quando se trata das materialidades do candomblé, que são elementos mais efêmeros. As fotografias de Verger são documentos extremamente importantes, preservados ao longo dos anos, e revelam muito sobre a realidade da Bahia nas décadas de 40, 50 e 60, durante o período em que ele esteve presente na região. Sua contribuição foi essencial para a preservação da imagem de uma Bahia que muitos afirmam não existir mais, mas que persiste por meio de sua cultura e da religião”, afirma Bruno Santos, estudante de museologia e mediador do Espaço.  

No Espaço Pierre Verger de Fotografia Baiana, é possível encontrar trabalhos de mais de 100 fotógrafos baianos ou que fixaram residência na Bahia, além de um acervo disponibilizado pela Fundação Pierre Verger, de forma colaborativa. Da mesma forma que o de Carybé, o espaço conta com pontos de totens digitais e interativos, para que os visitantes fiquem imersos na experiência das fotografias do local.  

“O espaço oferece interatividade e tecnologia, proporcionando acesso aprofundado sobre assuntos de interesse dos visitantes. Além disso, há uma parte mais contemporânea com fotógrafos atuais, apresentando fotos artísticas, experimentais e performáticas, mantendo um diálogo com o legado de Verger, especialmente em relação a questão racial. Também possuímos uma sala dedicada ao candomblé. Essa exposição é interessante não apenas para visitantes de outras cidades, mas também para os moradores de Salvador, pois apresenta fotos de vários bairros, não apenas os turísticos, permitindo que a gente se enxergue na mostra”, destaca Rany Dias, mediadora de audiovisual.  

Os turistas podem experienciar registros do cotidiano do povo baiano e da cultura soteropolitana, através das fotos disponibilizadas por lá. “Estou achando o Espaço muito legal e interativo, tanto na parte descritiva, mais analógica, com as fotos, quanto na parte mais tecnológica. Eu não conhecia Pierre Verger e tem sido uma experiência incrível”, expressa Brenda Mendes Lima, vinda da cidade de São Paulo.  

Amizade que transcende fronteiras – Carybé e Verger foram grandes amigos, unidos pela arte, pela fé e pelo amor à capital baiana. Eles foram contemporâneos e colaboraram juntos em diversas ocasiões durante suas vidas, tal qual outros renomados artistas que também cultivaram uma grande amizade com os estrangeiros, como o escritor Jorge Amado. Esse trio ficou conhecido como os ‘Obás da Bahia’. Os três eram frequentadores do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, fundado em 1910 e localizado no bairro do Cabula, onde exerciam o cargo de Obá, que representam os ministros de Xangô, na tradição do candomblé.  

Além disso, eles também foram grandes parceiros de Dorival Caymmi, com quem realizaram diversas colaborações ao longo de suas carreiras. Na introdução do livro “Carybé, Verger e Caymmi”, Fernando Alves (sócio presidente da PricewaterhouseCoopers – Brasil), afirma: “De origens e formações distintas e unidos por uma visão muito particular sobre os mistérios do mar e da gente da Bahia, eles descortinaram para o mundo, as cores e a cultura afro-baiana. Três artistas que só se tornaram amigos pela coragem de romper fronteiras. O legado deixado por esses grandes ‘brasileiros’ transcende suas expressões artísticas e incursiona pela característica comum de abertura ao novo e da curiosidade de culturas desconhecidas”.  

Funcionamento – A curadoria do Espaço Verger da Fotografia Baiana é de Alex Baradel, diretor técnico da Fundação Pierre Verger, que divide os créditos de pesquisa/curadoria com Célia Aguiar, fotógrafa e professora de fotografia. O projeto expográfico é assinado pelos arquitetos Fritz Zehnle Jr e Rose Lima. No Espaço Carybé de Artes, a curadoria é de Solange Bernabó e o projeto expográfico da empresa Blade Design (Joãozito Pereira e Lanussi Pasquali).   

Ambos os espaços têm recebido visitas de escolas públicas e particulares, além do projeto Visita Azul, que traz crianças no espectro autista para as visitas nas exposições. As agendas são abertas para as instituições que quiserem marcar para ir aos locais.  

Os equipamentos funcionam de quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até as 17h). Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), e dão direito à visitação de ambos os Espaços. Às quartas-feiras, a entrada é gratuita. Os residentes em Salvador que apresentarem comprovante pagam meia-entrada todos os dias. São proibidos alimentos e bebidas durante toda a permanência no local. 

Visitas à Casa do Carnaval da Bahia crescem quase 70% em comparação com ano passado  

Publicado: 6 de julho de 2023-11:13

Nos primeiros cinco meses do ano, mais de 28 mil pessoas já foram ao museu, maioria é de outros estados  

Condensar e contar a história de música, dança, folia e cultura da maior festa popular de rua do mundo não é uma tarefa fácil, mas a Casa do Carnaval da Bahia, em Salvador, consegue fazê-lo com maestria. De janeiro a maio deste ano, o espaço já recebeu mais de 28 mil turistas, um crescimento de 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade vem de outros estados do país, mas o número de visitantes baianos também tem crescido.  

Inaugurado em 2018, o primeiro museu do Carnaval no Brasil promove uma experiência única da história da folia, por meio de conteúdos audiovisuais e interativos, abordando desde a origem da festa, nos entrudos lusitanos do século XVIII, passando pelas alterações e proibições elitistas sofridas, até a criação do trio elétrico (brevemente, fobica) em 1950 e o crescimento exponencial da festa, que, hoje em dia, atrai mais de 2,7 milhões de pessoas,  nos 7 circuitos principais, durante os dias de festa.  

Localizada na Praça Ramos de Queiroz, no Pelourinho, a Casa do Carnaval está a poucos metros do Terreiro de Jesus e da Praça Castro Alves, locais icônicos para o Carnaval de Salvador. Administrado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, tem curadoria do artista e designer baiano Gringo Cardia, juntamente com o reitor da Universidade Federal da Bahia, professor doutor Paulo Miguez, especialista em Cultura e Carnaval da Bahia, além de um amplo grupo de artistas e pesquisadores como Jonga Cunha e Bete Capinan.   

Esculturas Pierrot na entrada da Casa do Carnaval da Bahia.
(Foto: Jefferson Peixoto/Secom)

O espaço tem dois pavilhões expositivos, com mais de 3 horas de conteúdo audiovisual relacionados à festa. No térreo, as salas “Origens do Carnaval” e “Criatividade e Ritmos do Carnaval” contam a história e evolução do carnaval narradas por artistas que criaram e foram criados pela festa. Na sala de entrada fica a biblioteca da Casal do Carnaval. O acervo conta com nomes como Zélia Gattai, Juarez Paraíso, Carybé, Nelson Cadena e J. Cunha, que também assina os painéis fixados na parede e do teto da entrada.   

O secretário de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), Pedro Tourinho, aponta a importância de espaços culturais de memória como a Casa do Carnaval, que refletem a representação e identificação de um povo.

“É um espaço que perpassa a história de uma festa não só de Salvador, mas da Bahia, e que mostra personagens e momentos que são intrinsecamente relacionados à folia. No primeiro museu do Carnaval do país, é contado o surgimento dos trios elétricos, os caminhos que os blocos afro trilharam para se fortalecer e ganhar o devido lugar de destaque e poder, passando pelo fortalecimento de ritmos afro-baianos como o samba-reggae, o axé e o pagode na história da festa baiana. O espaço cultural também adentra nos pormenores da gestão da festa, desde a atuação do poder público até os trabalhadores informais, que têm uma atuação crucial na movimentação da economia da festa”, destacou.  

Pedro TOURINHO, SECRETÁRIO DE CULTURA E TURISMO DE SALVADOR

Na sala “Origem”, brilhantes máscaras carnavalescas, bonecos pierrôs e uma escultura topográfica de Salvador contextualizam a história que está sendo contada nas telas. Já na “Criatividade e Ritmos do Carnaval”, os conteúdos abordam especificidades do Carnaval, como o trio elétrico, os blocos afro, a exportação do carnaval para o mundo e os diversos ritmos que compõem o a festa.   

Também há um espaço para Carnaval do interior, como em Jacobina e Maragogipe, e a Micareta, além de um painel exclusivo dedicado aos artistas que têm construído visualmente e artisticamente o carnaval, como Juarez Paraíso, Manoel Araújo, Bel Borba, J. Cunha e Alberto Pitta. Para acessar o conteúdo audiovisual do museu e ter a experiência completa, ao visitante é dado um dispositivo móvel e fones de ouvido, que permitem sincronizar o conteúdo a ser apresentado nas telas.    

Este ano, dias antes do início do Carnaval de Salvador, o museu atingiu um recorde de público, mais de 1.300 pessoas em um único dia. Romilson Vieira Selles, 24, é mediador do museu há quase e dois anos, o mais antigo no local. Para ele, ter batido esse recorde é um representativo da qualidade e dedicação envolvidos na criação e manutenção da Casa do Carnaval. “Na alta estação, geralmente temos de 100 a 300 visitantes por dia aqui. Então, do nada, esse número cresce em mil pessoas, ficamos muito impressionados”, conta. No período do Carnaval, o museu funcionou em esquema especial. A Casa do Carnaval funciona das 10 às 18h, de terça a domingo. A entrada é R$ 20 (inteira) e R$10 (meia), residentes de Salvador também pagam meia.   

Teto da entrada da Casa do Carnaval, Painel de J. Cunha.
(Foto: Ian Reis/Secult)

No museu, a história do Carnaval da Bahia é contada por diversas vozes, de Moraes Moreira a Saulo, passando por Margareth Menezes e Claudia Leitte, estendendo a narração a artistas plásticos natos do carnaval como Alberto Pitta. O cantor Gerônimo é quem inicia o percurso histórico da folia momesca, narrando os primórdios da festa, ainda na época do Brasil Colônia e Império, com os entrudos lusitanos que tomavam as ruas. Márcia Short conta como acontecia o carnaval da elite, e Alberto Pitta fala do nascimento dos afoxés, no século XIX, com referências diretas à ancestralidade e ao candomblé, com os toques de agogôs e atabaques. O artista também traz a reestruturação do carnaval do povo, que tinha sido proibido pelas autoridades a pedido da elite, que não suportava o caráter popular da festa.   

Só este ano, cerca de 10 mil baianos já visitaram a Casa do Carnaval, um aumento de 43% em relação a 2022. Para Romilson, o crescimento é reflexo de uma busca por conhecer a própria cultura. “Cada vez mais, esse espaço tem se tornado mais um espaço para quem é de Salvador, quem é da Bahia. Não que não fosse antes, até porque não houve nenhuma mudança, mas a gente percebe uma maior procura, acho que até pela sensação de pertencimento mesmo, de identificação com a própria cultura”, refletiu.    

No segundo pavimento do museu está o Cinema Interativo, onde os visitantes podem dançar e tocar as músicas que são apresentadas nas telas. Nas salas A e B, o objetivo é que as pessoas conheçam mais sobre artistas, afoxés e blocos de trio. Cantoras como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Baby do Brasil falam do Ilê, Olodum, Harmonia, Psirico e bandas como Eva, Jamil, Cheiro de Amor. Na outra sala, Carlinhos Brown, Antônio e Camila Pitanga e Xandy vão falar de artistas como Luiz Caldas e Igor Kannário e de Asa de Águia e Chiclete com Banana.  

Carnaval de muitas origens  

Os primórdios da festa são contados pelo cantor Gerônimo, que descreve como acontecia os entrudos lusitanos do Brasil Colônia e Império, festa de rua que acontecia na época da Quarema e que foi proibida, pois o alvoroço e agonia da celebração, que incluía guerra de água perfumada em às vezes, malcheirosa, desagradavam a elite. A festa, então, sofre influência do Carnaval francês, apoiado pelas autoridades e pela elite, uma proposta “refinada” para os privilegiados que ocorria em teatros e clubes. Gradativamente, nos anos 20 do século passado, cortejos dos clubes sociais começaram a invadir a Rua Chile. Desfilando fantasiados em bondes que passavam na rua, esses cortejos tinham um objetivo: exibir o luxo dos ocupantes.    

Mas o Carnaval popular não ficou apagado nesse meio tempo. É a voz grave do artista plástico Alberto Pitta, criador do bloco Cortejo Afro e um dos maiores artistas visuais envolvidos no Carnaval de Salvador, que narra o trajeto dos afoxés do séc. XIX e o carnaval popular. No final de 1800, a contragosto das forças policiais, o Carnaval de Salvador, construído pelo povo negro já se destacava. Fortalecidas pelo som de atabaques e agogôs, agremiações carnavalescas populares, negras e indígenas começaram a ser fundadas. Com a rua Chile ocupada pela elite, os afoxés e o povo cortejavam em fila indiana por locais como o Terreiro de Jesus e a Baixa dos Sapateiros. A ligação direta com os terreiros de candomblé e a evidência da ancestralidade levaram os afoxés a serem proibidos por uma portaria, em 1905, só voltando a serem permitidos quase uma década depois.   

Painel com fotografias de Pierrot.
(Foto: Ian Reis/Secult)

Já na virada para a década de 50, eventos importantes colaboraram para o fortalecimento do carnaval de rua de Salvador. Ainda na sala Origem, um protagonismo merecido é dado à Praça Castro Alves. O trecho entre o final da Av. Sete de Setembro e o início da rua Chile, marca, em 1950, o início do que se tornou a maior festa de rua do mundo. Inspirados no fervor que a apresentação do grupo de frevo “Vassourinha” causou nos foliões, Adolfo Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Álvares Macedo invadem a rua Chile a bordo da Fobica, um Ford 1929 equipado com oito caixas de som, tocando marchinhas no ‘pau elétrico’, instrumento que tinham criado na década de 40 e que se tornaria a guitarra baiana. No ano seguinte, a dupla convida Temístocles Neto e nasce o Trio Elétrico.  

Tendo o carnaval carioca como inspiração, em Salvador, nos anos 50, começa o movimento de escolas de samba. O enredo dessa fase da folia é narrado por Mariene de Castro.  O auge das escolas de samba soteropolitanas é nas décadas de 60 e 70, tendo em seus enredos temas como a Bahia, Caymmi, Jorge Amado e Mãe Menininha do Gantois. Despontam grandes nomes do samba baiano como Batatinha, Nelson Rufino, Roque Ferreira e Edil Pacheco.  Os blocos “de índio” da década de 60, como os Apaches do Tororó e Caciques do Garcia, atraíam a juventude. Inspirados nos filmes de velho-oeste americanos, saíam pintados em cores específicas para identificação e se intitulavam silks, pele vermelha e comanches.   

Em 49, nasce o maior afoxé do mundo, Filhos de Gandhy, inspirado nos ideais de paz do nacionalista indiano. Tendo Oxalá como patrono, o Ghandy já foi reconhecido pelo Guiness Book como o maior afoxé do mundo, e colaborou na reestruturação do carnaval popular que vai passar a ter, cada vez mais, manifestações de candomblé e da cultura afro-baiana. Nos anos seguinte, afoxés como Filhos do Congo e Filhas de Olorum se juntaram aos cortejos do carnaval, tendo o número de afoxés crescido desde então.    

Na segunda sala, “Criatividade e Ritmos do Carnaval”, a riqueza visual da festa, as mudanças que aconteceram no trio elétrico e na folia nestes mais de 80 anos, a micareta e o Carnaval no interior do estado e as expansões da festa a nível internacional são contados por vozes como Ivete Sangalo, Regina Casé e Carla Visi. Além do conteúdo audiovisual, a sala tem um acervo de figurinos icônicos usados por cantores da música baiana como Daniela Mercury, Carla Perez e Luiz Caldas.   

Interior do sombreiro decorado na sala “Origem”
(Foto: Ian Reis/Secult)

A salvação do povo brasileiro  

Um dos painéis é dedicado inteiramente ao trio elétrico, protagonista do Carnaval de Salvador. Quem conta a história e evolução ninguém mais ninguém menos do que Moraes Moreira, primeiro cantor a subir num trio, o de Dodô e Osmar, em 1970. Antes disso, só música instrumental saía pelas caixas de som do trio. Os anos que se sucedem consolidam o casamento cantor+trio que se mantém até hoje. Os Novos Baianos, com Baby, Paulinho Boca e Pepeu Gomes e Luiz Caldas no trio Tapajós.     

Os grandes artistas que criavam e projetavam os trios também têm seu espaço de destaque. Orlando Tapajós, que hoje, nomeia um dos circuitos da folia, cria a “‘Caetanave” em 1972, uma homenagem a Caetano Veloso, que voltava do exílio em Londres na época da ditadura militar. É neste momento que Caetano declara que “o trio elétrico é a salvação do povo brasileiro”. Nos anos 80, Pedrinho da Rocha também se destaca pelos designs de trios e dos abadás dos blocos, que ganharam mais força com bandas como Eva, Chiclete e, posteriormente, Asa de Águia.    

Ainda na década de 70, uma força pungente da ancestralidade baiana surge na festa, os blocos Afro. Em 1975, desfila pela primeira vez, o mais belo dos belos, Ilê Aiyê. Desfilando o tema de Paulinho Camafeu, a partir daquele Carnaval, todos passariam a saber “que bloco é esse”. A emergência dos blocos Afro está diretamente ligada aos movimentos diaspóricos Black Power, os Panteras Negras nos EUA e a independência de países africanos na década de 60 como Costa do Marfim, Benin, Somália e Nigéria. Os tambores do Olodum começam a ressoar nas ladeiras do Pelourinho em 79, criando um movimento único com as coreografias dos percussionistas. Em Itapuã nasce o Malê Debalê, com o nome inspirado nos negros mulçumanos que lutaram na Revolta dos Malês. Surgem também O Muzenza do Reggae, o Bankoma e, posteriormente, Didá, formada unicamente por mulheres.    

Para além da festa na capital, o museu também conta a história da festa em cidades do interior como Maragogipe, Juazeiro e na Praia do Forte, onde ainda há a tradição dos “caretas”, inclusive, com oficinas de moldagem de máscaras carnavalescas. A Micareta, que nasceu em Salvador, no início dos anos 20 como uma alternativa ao Carnaval, que passou por um rápido declínio, hoje é forte em cidades do interior como Feira de Santana e Jacobina. “Os Cão de Jacobina”, desde os anos 40, contam a história da batalha entre o bem e o mal, com homens pintados de preto e chifres remetendo ao diabo numa luta com o anjo São Miguel.   

No vasto mundo cultural, musical e de tradição que é o Carnaval da Bahia, a Casa do Carnaval, com um acervo denso, promove uma experiência única pela história e evolução da festa. Mais que um equipamento cultural, a Casa do Carnaval é um espaço de pertencimento dos baianos e foliões, que conta as diversas faces da sua história e de todos os elementos que a constituíram para ser, hoje, a maior festa de rua do mundo, arrastando milhões de pessoas anualmente. 

Equipamentos culturais municipais são opções de lazer no feriadão de Corpus Christi  

Publicado: 7 de junho de 2023-16:58

Quem passar o feriadão de Corpus Christi em Salvador, que começa nesta quinta-feira (8), pode aproveitar as atividades realizadas nos equipamentos públicos municipais. As estruturas fazem parte da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e, além de um rico acervo interativo, contam com apresentações culturais como dança, contos juninos, religião e batalhas musicais. 

Cidade da Música – A Cidade da Música da Bahia, no Comércio, promove no sábado (10), às 15h, Oficina de Instrumento de Sucatas, com o objetivo de criar instrumentos musicais recicláveis para as bandas juninas da cidade. No domingo (11), é a vez da oficina de Musicalização para os Bebês, no intuito de apresentar noções básicas de música e sonoridade para os pequenos, a partir das 15h. 

Espaços Carybé e Pierre Verger – No espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana (Forte Santa Maria), no Porto da Barra, acontece o projeto Hora da História, com o tema “Contos Juninos”. O intuito é apresentar relatos históricos do nosso São João e a importância da festa para os nordestinos. A atividade acontece no sábado (10) e domingo (11), às 15h. Os visitantes ainda podem aproveitar antes para conhecer o Espaço Carybé das Artes (Forte São Diogo), também no Porto da Barra, com o mesmo ingresso. 

Casa do Carnaval – O equipamento localizado na Praça Ramos de Queirós, Pelourinho, recebe no sábado (10), das 14h às 18h, Baile Banzé a Caminho da Roça, atração onde o público participa do momento se apresentando em batalhas de dança, divididas nas categorias face junina, melhor look e cangaceiros. No sábado (10) e domingo (11), das 11h às 15h, o espaço oferece uma visita guiada com o tema “Bloco de Mediação”, para conhecer sobre a história do maior carnaval do planeta. 

Casa do Rio Vermelho – A Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai, situada na Rua Alagoinhas, 33, promove no sábado (10), às 15h, uma visita guiada exclusivamente para as crianças com a temática “Caçadores de Sapos”. No sábado (10) e domingo (11), das 10h às 18h, ocorre a oficina “Desenhos na Varanda”, com a exposição de desenhos feitos pelos alunos da Escola de Belas Artes da Ufba.   

No domingo (11), às 10h30, a programação conta com a oficina Oratório dos Santos Juninos, voltada para os maiores de 10 anos. Para participar, é necessário que os participantes levem suas próprias tesouras, sem ponta. 

Acesso – Os espaços culturais funcionam de terça a domingo, incluindo feriados, das 10h às 18h. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia) – benefício voltado para idosos, estudantes e residentes em Salvador (mediante apresentação do comprovante de residência). Às quartas-feiras, a entrada é gratuita. 

Prefeitura de Salvador firma parceria e garante investimentos para finalização e ampliação do Muncab

Publicado: 2 de junho de 2023-11:06

A Prefeitura de Salvador firmou nesta quinta-feira (1º) uma parceria com a Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro) para compra de acervo e execução das obras pendentes do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), transformando-o em um dos maiores centros da cultura afro-diaspórica da América. O investimento previsto é da ordem de R$ 15 milhões.

Participaram da assinatura do termo de parceria, no Palácio Thomé de Souza, o prefeito Bruno Reis, o secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, a diretora do Muncab, Cintia Maria, e a gestora administrativa do museu, Jamile Coelho.

O Muncab é localizado em dois prédios no Centro Histórico, onde funcionaram o antigo Tesouro do Estado da Bahia e o serviço de assistência pública da cidade.

“A prefeitura vai atualizar o orçamento para, em seguida, celebrarmos um convênio, onde nós vamos executar as obras, tanto para terminar a primeira etapa do prédio, que já está, digamos, 80% finalizado, como para dar início à segunda etapa de restauro e reforma”, explicou o prefeito Bruno Reis. “Com isso, a gente poderá ter em Salvador um museu que retrate a história afro. Um museu da negritude, onde a gente resgate a nossa história e possa potencializar a influência da cultura africana na formação do nosso povo. Salvador vai ter um dos melhores museus do mundo da cultura afro”, acrescentou o chefe do Executivo municipal.

A diretora do Muncab celebrou a parceria firmada com a gestão municipal e disse que a restauração do museu também significa o ganho de um grande atrativo turístico para a capital baiana. “Pensar esse espaço cultural, dinâmico, vivo, conectado com o que tem de mais moderno na cultura afro-diaspórica, com esse viés contemporâneo, é um ganho para a cidade”, pontuou Cintia.

Para o secretário de Cultura, a iniciativa representa o início da realização de um sonho, já que o projeto do museu tem cerca de 20 anos. “A gente tem aqui um espaço que já tem uma história, de um museu, um sonho, que não se realizou ainda por várias questões. A prefeitura está totalmente dedicada a somar, para que Cintia, Jamile e a comunidade negra façam desse espaço um ponto de referência da cultura negra no Brasil e no mundo”, disse Tourinho.

De acordo com o titular da Secult, ainda esse ano teremos já parte da obra entregue com novo acervo. “A capital afro tem que ter o melhor museu afro do Brasil. É um museu que vai concentrar não só artistas tradicionais, como também jovens artistas negros do Brasil e estrangeiros”, afirmou.

Segundo Jamile Coelho, gestora administrativa do museu, o espaço representa o resgate “dessa memória que, infelizmente, para muitos de nós, foi roubada” “É de fundamental importância em Salvador, a cidade mais negra fora do continente africano, a gente estar fazendo essa parceria para poder entregar ao público esse espaço de memória, mas também de difusão e produção da cultura afro-brasileira”, disse Jamile.

Cintia Maria e Jamile Coelho assumiram no ano passado a gestão do Muncab, o fundador do museu, José Carlos Capinam, compositor e poeta da Tropicália, hoje é presidente de honra da Amafro.

Programa incentiva pessoas com Transtorno do Espectro Autista a conhecer equipamentos culturais da cidade  

Publicado: 26 de abril de 2023-16:15

O programa Visita Azul, criado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), promoveu, nos últimos dois anos, mais de 160 mil visitas guiadas de jovens e adultos, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a equipamentos culturais de Salvador, a exemplo da Casa do Carnaval, Cidade da Música, Casa do Rio Vermelho, Espaço Carybé das Artes e Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana. As visitas são totalmente gratuitas, a partir de agendamento prévio. 

Nestes locais, além da experiência sensorial, os visitantes têm acesso a um pouco da história da capital baiana, através de personagens que fizeram parte do cotidiano da cidade, nos últimos 100 anos – como os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai-, à história da folia soteropolitana e à contribuição baiana para o cenário musical do Brasil e do mundo. Os acervos de fotos e telas de dois estrangeiros que materializaram a cultura local, o antropólogo Pierre Verger e o artista plástico Carybé, também fazem parte da experiência. 

Pertencimento – A coordenadora de Comunicação dos equipamentos culturais da Secult, Maria João Amado, explica que o Visita Azul pode causar impactos positivos nas crianças em geral e, especificamente, nas pessoas com Transtorno do Espectro Autista de todas as idades. “É uma forma de transmitir a sensação de pertencimento à cidade e seus ativos culturais, auxiliando na reinserção social do visitante”, afirma. 

No ano passado, a Casa do Carnaval da Bahia recebeu 45.049 visitantes e 20.494, nos três primeiros meses de 2023. A Cidade da Música, por sua vez, registrou 74.320 visitantes no ano passado e 20.986, nos primeiros meses deste ano. Já a Casa do Rio Vermelho teve a visita de 37.864 pessoas em 2022 e 14.007, no primeiro trimestre de 2023.  

Os espaços Verger e Carybé, respectivamente, contabilizaram 9.684 visitas, no ano passado e 3.004, no primeiro trimestre deste ano. A ação teve início no mês de março e, até o momento, já ocorreram visitas de grupos de instituições, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e Instituto Pestalozzi da Bahia. 

Os interessados podem agendar as visitas individuais ou de grupos organizados, por telefone. “Atualmente, os grupos têm mais facilidade, pois é mais fácil compor o mínimo necessário de dez pessoas por visita, além dos dez acompanhantes. Mas é totalmente possível o agendamento individual”, pontua Maria João.  

Confira os horários das edições da Visita Azul: 

Dia 5/5 – Cidade da Música da Bahia (Comércio), às 10h.  Agendamento: (71) 99622-9020 

Dia 12/5 – Espaços Carybé das Artes e Pierre Verger da Fotografia Baiana (Porto da Barra), às 10h. Agendamento: (71) 99621-8742 

Dia 19/5 – Casa do Rio Vermelho (Rio Vermelho), às 10h. Agendamento: (71) 99626-1036 

Comitiva realiza vistoria nas obras do Muncab, Mercado Modelo e Feira do Cortume 

Publicado: 26 de abril de 2023-10:06

O prefeito Bruno Reis vistoriou na sexta-feira (21) as obras da Feira do Curtume, na Baixa do Fiscal, e do Mercado Modelo, no Comércio, que estão com as intervenções avançadas e devem ser entregues nos próximos meses. Também participaram das visitas técnicas aos espaços os titulares da Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Luiz Carlos Souza, e da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield. O feriado de Tiradentes também foi marcado pela visita do prefeito Bruno Reis ao Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro. Acompanhado do secretário Pedro Tourinho, Bruno Reis conheceu as instalações recém entregues ao público de Salvador. A proposta da visita foi valorizar o equipamento que é tão representativo para a cidade.

A Feira do Curtume, situada na Rua Luís Maria, na Calçada, já está com 60% das obras concluídas, e a expectativa da Prefeitura é que o novo equipamento seja entregue aos permissionários e à população no final do mês de junho. Com as intervenções, o espaço contará com infraestrutura, ordenamento e conforto. O investimento municipal é de R$5,2 milhões.

Depois de conversar com os trabalhadores e avaliar o andamento das intervenções no local, o prefeito destacou o impacto positivo da urbanização, que vai beneficiar tanto trabalhadores quanto frequentadores. Ele ressaltou que a Feira do Curtume é uma das mais antigas da cidade, onde os feirantes, ambulantes e camelôs trabalhavam sem qualquer infraestrutura.

“Agora, sim, teremos um espaço onde as pessoas poderão trabalhar com dignidade, com cobertura, box, pátio de carga e descarga e toda a estrutura que vai trazer segurança aos trabalhadores e a todos que vão adquirir as mercadorias. É uma obra importante para todos que trabalham no comércio informal da nossa cidae”, afirmou.

No Mercado Modelo, o prefeito analisou os ajustes que estão sendo executados para a conclusão da primeira etapa da requalificação do espaço. Bruno Reis também dialogou com os permissionários e frequentadores do local. A expectativa municipal é que a primeira fase das intervenções seja finalizada até maio.

“Tivemos a oportunidade de visitar o subsolo e vamos também desenvolver um projeto para que ele seja mais um ponto de visitação dos turistas da nossa cidade. Vamos oferecer conteúdo e informações sobre a nossa história. Em breve faremos a inauguração definitiva e tenho certeza que este, que é um dos principais cartões postais de Salvador, será um dos lugares mais bonitos do Brasil e todo mundo”, ressaltou o gestor.

Investimento – O secretário Municipal de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, contou que o investimento total nas intervenções no Mercado Modelo é de R$ 12 milhões. As intervenções, ainda de acordo com Tourinho, incluem restauração, telhamento de cerâmica e vidro, pavimentação, requalificação dos boxes, entre outros.

Ao todo, a obra no mercado tem três fases. A primeira etapa contempla os permissionários que atuam próximos à rua; depois será a vez dos estabelecimentos voltados para o mar; e, por último, as intervenções serão realizadas na área que abriga os restaurantes.

A tenda onde parte dos permissionários estão atuando durante a execução das intervenções é climatizada, para dar mais conforto aos comerciantes e visitantes, e abriga 117 permissionários. Uma sinalização visual especial foi implantada para facilitar o acesso. Enquanto este grupo fica na tenda, cerca de 100 permissionários permanecem no Mercado Modelo, no lado oposto ao das intervenções.

Casa do Carnaval da Bahia

Publicado: 12 de setembro de 2022-11:05

Administrada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), a Casa do Carnaval foi inaugurada em 5 de fevereiro de 2018, com investimento de cerca de R$ 6 milhões. Antes, o imóvel que fica no endereço Praça Ramos de Queirós, s/n – Pelourinho, abrigava a antiga Casa do Frontispício e foi restaurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para receber o museu. A curadoria do projeto é do artista, designer e cenógrafo Gringo Cardia, juntamente com o professor doutor em Cultura Contemporânea e reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez, um dos maiores especialistas nos estudos sobre a festa, além de um amplo grupo de artistas e pesquisadores como Jonga Cunha e Bete Capinan, que também contribuíram para a concepção do espaço. A Casa do Carnaval chegou a ser reconhecida nacionalmente e ficou em segundo lugar na categoria “Valorização do Patrimônio pelo Turismo”, durante a primeira edição do Prêmio Nacional de Turismo, realizada no Rio de Janeiro, em dezembro de 2018.

Estrutura – No andar térreo do prédio da Casa do Carnaval da Bahia é possível encontrar à disposição uma biblioteca de livros relacionados à festa, a Salvador, suas artes e tradições. Ainda neste piso, as salas “Origens do Carnaval” e “Criatividade e ritmos do Carnaval” apresentam a diversidade presente no Carnaval baiano. Há também 200 bonecos feitos de cerâmica que representam figuras típicas da folia. Com luzes, refletores e fitas de LED, a proposta do espaço é remeter à vibração da festa. Ao som de músicas características da folia, o visitante tem acesso a diversas vitrines com objetos pessoais e inéditos cedidos por artistas, tais como vestuário, adereços e instrumentos. No primeiro andar, ficam as duas salas do Cinema Interativo, onde o visitante escolhe um adereço disponível para caracterização, assiste uma seleção de três vídeos e é estimulado a dançar as coreografias de blocos e bandas, orientados por monitores dançarinos. O objetivo é possibilitar uma experiência única e emocionante como bem manda a magia da música e dos ritmos do Carnaval da Bahia.

– Funcionamento de terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h).

– Ingressos custam R$ 20,00 inteira/R$ 10,00 meia. 

– Residentes de Salvador que apresentarem o comprovante pagam meia entrada todos os dias.

– Gratuidade nas quartas-feiras.

– Proibidos alimentos e bebidas durante toda a permanência no local

– Obrigatório o uso de máscara cobrindo o nariz e a boca durante toda a visita.

– É importante lembrar que os adultos precisam comprovar ter recebido, no mínimo, as duas doses da vacina ou dose única, a depender do imunizante utilizado. Já os adolescentes deverão comprovar, no mínimo, ter recebido a primeira dose contra o coronavírus. Será exigido o cartão de vacinação físico ou digital (ConectSUS ou Carteira de Vacinação Digital, por exemplo). Apenas crianças e adolescentes, até 16 anos, vão poder acessar os locais, sem precisar do comprovante.

Memorial a Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai

Publicado: 12 de setembro de 2022-11:04

Depois de 11 anos fechada, a casa de número 33, da Rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, na cidade de Salvador, Bahia, onde viveu o casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, está aberta para visitação. O imóvel foi totalmente reformado pela Prefeitura de Salvador, numa intervenção que contou com as participações da Fundação Casa de Jorge Amado, da família do casal, que encarna e simboliza mundo afora a cultura baiana, e do arquiteto e cenógrafo Gringo Cardia, responsável pela curadoria do museu.

História contada por amigos e admiradores – Comprada em 1960 com dinheiro da venda dos direitos do livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para a MGM, a casa mais tarde se transformou no título do livro de Zélia Gattai, publicado em 2002, contando a história vivida pelo casal quando residiu no imóvel. No local, os escritores receberam visitas ilustres, como Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre e Simone de Beauvoir, só para citar alguns. Toda essa riqueza é contada nos diversos ambientes da casa, com seus mais de 2 mil metros quadrados, incluindo o jardim onde as cinzas de Jorge e Zélia estão depositadas.

A Casa do Rio Vermelho conta com mais de 30 horas de vídeos e projeções. Ou seja, é impossível conhecer toda a história do imóvel e do casal de escritores em apenas uma visita. Para tornar mais didática a experiência de mergulhar na intimidade de Jorge Amado e Zélia Gattai, a casa foi dividida em vários espaços, mantendo sempre as características originais, o rico acervo e documentos importantes, como cartas trocadas com personalidades nacionais e internacionais. Os ambientes foram batizados de “A Bahia de Jorge Amado”, “A amizade é o sal da vida”, “A infância/Memórias de Dona Lalú”, “Os viajantes”, “Varanda”, “Amores e amantes amadianos”, “Zélia Gattai, companheira graças a Deus”, “Trocando cartas/O comunista”, “Sala de leituras”, “Muita vida, tantas obras”, “Os amados sabores de Jorge”, “Cozinha de Dona Flor”, “Lago dos Sapos”, “Roda de conversa”, e “Jorge e o Candomblé”.

Ambientes da Casa: O quarto onde dormiam Jorge Amado e Zélia Gattai, espaço chamado de “Amores e amantes amadianos”, agora está visualmente povoado por personagens marcantes como Gabriela e Nacib, ilustrados em obras de artistas, como Calazans Neto, Carybé e Floriano Teixeira. O visitante pode ainda ouvir narrações de trechos das obras que revelam como o amor e o sexo eram importantes para Jorge Amado. Boa parte da inspiração de Jorge Amado veio das histórias contadas pela mãe, Dona Lalú, quando era criança. Essa relação está retratada no espaço “A infância/Memórias de Dona Lalú”. Nesse cantinho, há uma maquete da cidade de Ilhéus, onde o escritor, nascido no distrito de Ferradas, em Itabuna, viveu por muito tempo, e uma escultura de Jorge Amado com um ano de idade ao lado da matriarca. Já onde antes havia uma piscina está o “Lago dos sapos”, uma espécie de ranário, com sapos e rãs que tanto fascinavam o escritor, e a exibição da novela sonora baseada na obra infantil de Jorge Amado chamada “O gato malhado e a andorinha Sinhá”.

No jardim, lugar mágico da casa, está o espaço “Jorge e o Candomblé”, que ressalta a relação entre o Obá (posto civil que exercia no Ilê Axé Apô Afonjá) Jorge Amado e o Candomblé, com um depoimento inédito de Mãe Stella abordando a amizade com o escritor e fundamentos sobre a religião de matriz africana. No mesmo espaço, o visitante pode interagir virtualmente com Carlinhos Brown utilizando instrumentos típicos dos rituais do Candomblé. Vale lembrar que Jorge Amado, quando deputado constituinte, em 1945, foi autor da lei que assegura o direito à liberdade de culto religioso no Brasil.

Leituras e sabores: “Não escrevi meu primeiro livro pensando em ficar famoso. Escrevi pela necessidade de expressar o que sentia”, disse uma vez Jorge Amado, que publicou o primeiro romance – “O país do Carnaval” – em 1931, com apenas 19 anos de idade. Após a morte, em 6 de agosto de 2001, quatro dias antes de completar 89, o mais famoso escritor brasileiro deixou 45 livros publicados, segundo a Fundação Casa de Jorge Amado. Grande parte dessas obras teve trechos lidos e gravados por artistas e familiares que podem ser vistos na residência da Rua Alagoinhas. No total, são 47 leituras em vídeo. Elas podem ser vistas no espaço “Sala das leituras”, ao lado da biblioteca, em uma tela de cinema. Entre as pessoas que fizeram leituras de trechos das obras de Jorge Amado estão nomes como Caetano Veloso, Regina Casé, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Sônia Braga, Mariana Ximenez, Marisa Orth, Mateus Solano, Paloma Amado, Milton Gonçalves e Paulinho da Viola. “Nessas leituras fica evidente a atemporalidade de Jorge Amado, um escritor à frente do seu tempo e que era popular porque sempre retratou o povo”, afirmou Gringo Cardia.

Dois espaços são reservados à gastronomia na vida e no trabalho de Jorge Amado e Zélia Gattai: “Os amados sabores de Jorge” e “Cozinha de Dona Flor”. A quituteira Dadá ensina algumas das receitas de delícias que marcaram presenças em livros como “Dona Flor e seus dois maridos”, como a punheta (bolinho de estudante), vatapá, caruru e acarajé. Esses dois espaços foram carinhosamente preparados por Paloma Amado, filha do casal de escritores e autora do livro “A comida baiana de Jorge Amado”, reunindo receitas e histórias de pratos típicos que aparecem nas obras do pai.

– Funcionamento de terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h).

– Ingressos custam R$ 20,00 inteira/R$ 10,00 meia.

– Gratuidade nas quartas-feiras.

– Residentes de Salvador que apresentarem o comprovante pagam meia entrada todos os dias.

– Proibidos alimentos e bebidas durante toda a permanência no local.

– Obrigatório o uso de máscara cobrindo o nariz e a boca durante toda a visita.

– É importante lembrar que os adultos precisam comprovar ter recebido, no mínimo, as duas doses da vacina ou dose única, a depender do imunizante utilizado. Já os adolescentes deverão comprovar, no mínimo, ter recebido a primeira dose contra o coronavírus. Será exigido o cartão de vacinação físico ou digital (ConectSUS ou Carteira de Vacinação Digital, por exemplo). Apenas crianças e adolescentes, até 16 anos, vão poder acessar os locais, sem precisar do comprovante.

Site: http://casadoriovermelho.com.br/

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